ÁUDIO | ABERTURA DE MERCADO | SOJA | MILHO | EUA X CHINA
- AGROARES
- 5 de fev.
- 3 min de leitura
A soja fechou a terça-feira em alta na Bolsa de Chicago. O grão encerrou o dia com uma valorização de 1,5%, enquanto o óleo caiu fortemente, perto dos 2%. Já o milho B3 manteve-se próximo da estabilidade.
A semana segue agitada para o mercado de grãos. Após o ex-presidente Donald Trump impor tarifas ao México, Canadá e China nos últimos dias, ontem, data em que essas tarifas entrariam em vigor, apenas as sobre a China foram concretizadas.
O recuo do México já era esperado, pois sua economia é fraca e altamente dependente dos Estados Unidos. Assim, o país optou por ceder às pressões de Trump para evitar as tarifas americanas. Trump havia acusado o México de omissão na fronteira, especialmente no combate ao tráfico de drogas e à imigração ilegal. Em resposta, o governo mexicano ordenou o envio de mais de 10 mil soldados para reforçar a fiscalização na fronteira.
No caso do Canadá, o recuo diante de Trump não era esperado, mas também ocorreu. Inicialmente, o país afirmou que responderia às tarifas à altura e não se curvaria às imposições dos EUA. No entanto, pouco antes da efetivação das tarifas, o Canadá voltou atrás e, assim como o México, prometeu enviar 10 mil soldados para reforçar a fiscalização e conter a imigração ilegal, além do tráfico de fentanil.
O fentanil, originalmente um anestésico, tornou-se um entorpecente amplamente consumido nos Estados Unidos e é a droga que mais causa mortes no país.
Ao contrário do México e do Canadá, a China teve suas tarifas concretizadas e respondeu com retaliações. O país impôs uma tarifa de 10% sobre o carvão e o gás natural americanos, além de uma taxa de 15% sobre o petróleo bruto e máquinas agrícolas.
O ponto mais relevante é que a China não tarifou os produtos agrícolas, como a soja, o que aliviou o mercado e impulsionou a alta do grão na bolsa.
Há opiniões divergentes sobre essa resposta da China. Alguns acreditam que as tarifas foram uma estratégia para conter as tensões e evitar o agravamento de uma guerra comercial mais intensa.
Outros, no entanto, enxergam esse movimento como o início de um conflito comercial de maiores proporções, com possibilidade de piora no cenário global.
No Brasil, mesmo sem a soja americana sendo tarifada, as tradings privadas da China têm comprado exclusivamente soja brasileira desde outubro do ano passado. O receio de uma possível tarifação a qualquer momento tem levado os chineses a evitar compromissos com os EUA. Apenas a Sinograin, equivalente à Conab no Brasil, tem adquirido soja americana.
Com todas as tradings privadas focadas na soja brasileira, como se os Estados Unidos tivessem deixado de produzir o grão, a tendência é que os prêmios da nossa soja se recuperem.
No entanto, a Bolsa de Chicago pode sofrer quedas ainda maiores. Os prêmios já demonstram recuperação: em março, por exemplo, estavam em -25, mas agora já subiram para +5.
Outro fator que movimentou o mercado nesta semana foi o frete.
Os custos aumentaram mais de 50%, causando preocupação. O valor do frete de Sorriso (MT) para Santos (SP) subiu de R$ 350,00 por tonelada em dezembro para R$ 530,00 por tonelada atualmente, representando uma alta superior a 40% em menos de dois meses.
O produtor, muitas vezes, não percebe, mas o frete é descontado indiretamente, e essa elevação pode impactar negativamente as cotações da soja. Quem sofrerá menos com esse aumento serão as grandes tradings, pois a maioria delas já possui contratos logísticos fechados e algumas vinham se preparando para esse cenário.
O mercado segue extremamente volátil e deve permanecer assim até o final da semana.
A pressão de Trump e os fatores climáticos continuam a influenciar fortemente o setor, mantendo os preços dos grãos em constante oscilação.