ÁUDIO | China Retalia e Impõe Tarifas de 34% sobre Produtos Americanos, Incluindo a Soja
- AGROARES
- 4 de abr.
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A China anunciou nesta manhã tarifas recíprocas de 34% sobre produtos americanos, incluindo a soja.
O mercado reagiu imediatamente: a soja caiu 2,5% na Bolsa de Chicago, o óleo de soja perdeu 4%, o petróleo recuou 7% e o milho teve queda de 1,5%, sendo menos impactado.
Estamos, de fato, em uma guerra comercial. Isso pode elevar os prêmios de exportação, mas exige cautela, pois a volatilidade será alta e o risco de vender a soja no momento errado é grande. A variação dos preços pode ser intensa de um dia para o outro.
Além disso, há um grande risco de solução negociada entre Trump e Xi Jinping, já que essa guerra comercial prejudica as economias de ambos os países e pode gerar uma recessão global. Trump já declarou estar disposto a negociar nesta semana, o que significa que tudo dependerá da resposta da China. Se houver um acordo, a soja devolverá todos os ganhos; caso contrário, a tendência é de alta no médio e longo prazo.
Para quem ainda não está por dentro da situação, um resumo:
Os EUA são um grande produtor e exportador de soja.
Antes mesmo da eleição de Trump, o mercado já se antecipava a possíveis tarifas. Por isso, as tradings privadas da China interromperam as compras nos EUA e redirecionaram a demanda para o Brasil, temendo quebras de contrato e barreiras comerciais.
Com isso, o Brasil já se ajustou à demanda extra dessas tradings privadas.
O que pode causar uma alta inesperada nos preços agora é a mudança na demanda da Sinograin, a estatal chinesa equivalente à Conab no Brasil.
Até então, a Sinograin era a única empresa que continuava comprando soja americana, mesmo com a tarifa de 10% imposta pela própria China.
O governo chinês taxou a soja dos EUA, mas ele mesmo continuava comprando e arcando com essa tarifa.
Até essa semana, os preços estavam relativamente controlados, com a Bolsa de Chicago em viés baixista, mas com tendência levemente altista para o Brasil no segundo semestre.
No dia 2 de abril, Trump anunciou novas tarifas sobre diversos países, com destaque para a China, que passou a ter uma taxação total de 54%.
No entanto, essas tarifas não encarecem diretamente a soja americana.
O que realmente pesa sobre os preços da soja é a retaliação da China, que ocorreu hoje, com a tarifa de 34% sobre produtos americanos.
Com isso, a soja americana, que já tinha um imposto de 10%, agora passa a ser tarifada em 44% na China, tornando sua compra praticamente inviável até mesmo para a Sinograin. -
Impacto no Brasil e Limites de Valorização
Mesmo com as tarifas, é importante saber China pode continuar comprando soja americana, desde que arque com os custos adicionais, porém dificilmente isso acontecerá.
No entanto, essas tarifas criam um teto para a soja brasileira:
Se a soja dos EUA está 44% mais cara, e desvalorizada em Chicago, a soja brasileira pode subir até cerca de 30% para se equiparar à americana já tarifada.
Em resumo, o que acontece é:
As tarifas chinesas sobre produtos americanos encarecem a soja dos EUA.
Isso faz com que a demanda migre para o Brasil, gerando um aumento inesperado na procura.
Esse movimento deve impulsionar os prêmios de exportação, enquanto a Bolsa de Chicago pode continuar em queda e o dólar pode sofrer pressão.
Como os preços da soja no Brasil são formados por Chicago + prêmios + câmbio, é fundamental acompanhar de perto para evitar negociações ruins.
O Papel da União Europeia e o Milho no Meio da Guerra Comercial
A União Europeia, que é o segundo maior comprador de soja americana, atrás apenas da China, também deve impor tarifas de 20% sobre a soja dos EUA.
Isso pode trazer mais demanda para o farelo e para a soja brasileira, sustentando os prêmios de exportação.
Já no mercado de milho, o impacto é menor:
A China não é um grande importador de milho americano.
O México é o maior comprador mundial e continuará priorizando os EUA pela proximidade logística.
Assim, o milho não enfrenta riscos imediatos com tarifas, mas pode sofrer impactos indiretos.
O maior risco para o milho está no aumento dos estoques:
Com os agricultores americanos enfrentando dificuldades para vender soja, muitos devem migrar para o plantio de milho, o que pode gerar um excesso de oferta e pressionar os preços no futuro.
Conclusão
Se a guerra comercial continuar, a soja brasileira pode se valorizar no médio e longo prazo.
Se houver um acordo entre EUA e China, os preços podem desabar.
O momento exige atenção total ao mercado para evitar decisões erradas.