As distribuidoras de combustíveis encaminharão à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) um pedido de waiver para flexibilizar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel.
No entanto, a possibilidade de aceitação pela agência reguladora é considerada remota.
Nos bastidores, o movimento é visto mais como uma tentativa de pressionar a ANP a intensificar a fiscalização sobre o cumprimento da atual mistura de 14% (B14), que algumas empresas estariam descumprindo.
Pedido ocorre em meio a desafios logísticos e fiscais
O pedido surge em um momento de dificuldades no setor, com a alta volatilidade dos preços do biodiesel, que tem o óleo de soja como principal matéria-prima.
Além disso, o atraso na colheita da soja no Brasil pode impactar a oferta do óleo para a produção do biocombustível, levantando dúvidas sobre a viabilidade da implementação do B15 (mistura de 15%) no prazo inicialmente previsto.
Entretanto, especialistas do setor afirmam que um waiver dificilmente será concedido, já que a política de biocombustíveis do Brasil tem sido uma prioridade do governo para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e incentivar a cadeia produtiva do biodiesel.
Pressão para maior fiscalização
O pedido das distribuidoras reforça um impasse antigo: enquanto os produtores de biodiesel cobram que a ANP fiscalize o cumprimento da mistura obrigatória, algumas distribuidoras alegam dificuldades no abastecimento e aumento dos custos operacionais.
A solicitação do waiver pode ser interpretada como uma estratégia para forçar uma maior rigidez na fiscalização e garantir que todas as empresas estejam cumprindo a regra da mistura.
Apesar da pressão, a tendência é que a ANP mantenha sua posição firme em defesa da política de biocombustíveis. No entanto, o avanço do B15, previsto para este ano, pode sofrer atrasos devido aos problemas na colheita de soja e à incerteza no abastecimento do óleo vegetal.
O mercado segue atento aos próximos desdobramentos, já que qualquer alteração na política de biodiesel afeta diretamente tanto o setor de combustíveis quanto o agronegócio, especialmente os produtores de soja, e óleo, que veem no biocombustível uma importante fonte de demanda para o óleo.